sexta-feira, 4 de maio de 2018

6º Domingo de Páscoa




1ª Leitura – At 10,25-26.34-35.44-48

25 Quando Pedro estava para entrar em casa, Cornélio saiu-lhe ao encontro, caiu a seus pés e se prostrou. 26 Mas Pedro levantou-o, dizendo: 'Levanta-te. Eu, também, sou apenas um homem'. 34 Então, Pedro tomou a palavra e disse: 'De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. 35 Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença. 44 Pedro estava ainda falando, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a palavra. 45 Os fiéis de origem judaica, que tinham vindo com Pedro, ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado também sobre os pagãos. 46 Pois eles os ouviam falar e louvar a grandeza de Deus em línguas estranhas. Então Pedro falou: 47 'Podemos, por acaso, negar a água do batismo a estas pessoas que receberam, como nós, o Espírito Santo?' 48 E mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Eles pediram, então, que Pedro ficasse alguns dias com eles.

Após a visão que lhe questionou sobre o puro e o impuro, Pedro acolhe o convite de ir anunciar a Boa Nova a quem “não pertencia ao povo de Deus”. Descobre que Deus não faz distinção entre as pessoas, mas chama indistintamente para pertenceram a “um só rebanho”. O batismo é dom divino, não podendo ser guardado para os do grupo. Ele é porta de entrada, expandindo a comunidade.

Salmo - Sl 97,1.2-3ab.3cd-4 (R. cf. 2b)
R. O Senhor fez conhecer a salvação e
revelou sua justiça às
nações.

1Cantai ao Senhor Deus um canto novo,*
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo*
alcançaram-lhe a vitória. R.

2O Senhor fez conhecer a salvação,*
e às nações, sua justiça;
3arecordou o seu amor sempre fiel*
3bpela casa de Israel. R.

3cOs confins do universo contemplaram*
3da salvação do nosso Deus.
4Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,*
alegrai-vos e exultai! R.

O salmo canta as maravilhas de Deus, as quais o próprio Deus faz conhecer. O mundo pode contemplá-las e, com isso, contemplar Deus.

2ª Leitura - 1Jo 4,7-10

Caríssimos:
7Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. 8Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. 9Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. 10Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados.

O amor é fonte de conhecimento. Não é puro ato intelectual, mas consiste na entrega e na autoentrega, a exemplo de Deus. Deus amou primeiro, Ele define o que é o amor. Entregar-se para a transformação: reparar os pecados.

Evangelho - Jo 15,9-17

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 9Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11Eu eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. 14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.

No Evangelho segundo João, para Jesus, amar é dar a própria vida pelos outros. Ele o fez, de modo a não ter mais servos, mas amigos. Os amigos sabem o que o Amigo faz: Ele dá a própria vida, dando a conhecer tudo o que ouviu do Pai, pois a vida é resposta viva, coerente, fiel ao Pai.

A liturgia da Palavra do 6º Domingo de Páscoa nos coloca em reflexão direta sobre o amor colocado em prática. Amar não é uma atividade intelectual ou virtual. Amar é a capacidade de dar a própria vida, de romper com o egocentrismo e com o espiritualismo. Para amar é necessário sair de si, como Pedro, e ir ao encontro dos outros, dos diferentes, dos que não estão no nosso grupo. É reconhecer que há mais coisas feitas por Deus no mundo do que nosso costumeiro modo de olhar vê.
Amar significa a capacidade de colocar em prática a vontade do Pai, que envia o Filho para transformar a realidade, fazendo resplandecer no mundo as maravilhas do Senhor. Mas quais são essas maravilhas? O povo bíblico canta, ao longo de toda a Escritura Sagrada, as obras salvadoras, libertadoras de Deus, sua afeição aos pobres, órfãos, viúvas, estrangeiros. Na ação de Jesus, há a aproximação desses aos quais o Pai se volta: crianças, mulheres, doentes, pecadores…
Amar significa olhar com sensibilidade acolhedora aqueles que nos causam repulsa, pois nos incomodam questionando nossa preguiça, nosso comodismo, nosso egoísmo.
Francisco de Assis começa a se tornar santo ao abraçar e beijar o leproso (pobre, excluído, marginalizado em seu tempo).


Nenhum comentário:

As narrativas da estigmatização de Francisco de Assis

  É interessante que Francisco nunca faça menção aos seus estigmas, nem mesmo de forma indireta. Santa Clara, sua grande amiga que o tem com...