1ª Leitura - Gn 3,9-15
Depois
que o homem comeu da fruta da árvore, 9o
Senhor Deus chamou Adão, dizendo: 'Onde estás?' 10E
ele respondeu: 'Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo, porque
estava nu; e me escondi'. 11Disse-lhe
o Senhor Deus: 'E quem te disse que estavas nu? Então comeste da
árvore, de cujo fruto te proibi comer?' 12Adão
disse: 'A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu
do fruto da árvore, e eu comi'. 13Disse
o Senhor Deus à mulher: 'Por que fizeste isso?' E a mulher
respondeu: 'A serpente enganou-me e eu comi'. 14Então
o Senhor Deus disse à serpente: 'Porque fizeste isso, serás maldita
entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens!
Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da tua vida!
15Porei inimizade entre ti e
a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a
cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar'.
Com
facilidade nos perdemos no jogo de empurra-empurra, para nos livrar
da culpa e das responsabilidades de nossos atos. Aqui, porém, se
trata de quebra de relações. Adão tinha uma relação com Deus,
embasada na familiaridade e nas “combinações”, quando estas são
quebradas aparecem a vergonha e o escondimento. A nudez, que na
inocência não causa problema, é a desculpa para esconder-se do
amigo, com o qual se rompeu relações.
A
serpente, que na simbologia oriental significa sabedoria, na
experiência de Israel se torna símbolo de rompimento da aliança
com Deus e de opressão. A sabedoria dos povos vizinhos (egípcios,
babilônios, assírios, persas…) oprimiu e escravizou o povo de
Deus. Nas tentações (Queremos ser como os outros povos – 1Sam
8,10-22), o povo de Deus se escondeu de seu Deus.
Salmo - Sl 129,1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R. 7)
R.
No Senhor toda graça e redenção!
1Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,*
2escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos*
ao clamor da minha prece! R.
3Se levardes em conta nossas faltas,*
quem haverá de subsistir?
4Mas em vós se encontra o perdão,*
eu vos temo e em vós espero. R.
5No Senhor ponho a minha esperança,*
espero em sua palavra.
6A minh'alma espera no Senhor*
mais que o vigia pela aurora. R.
7Espere Israel pelo Senhor,*
pois no Senhor se encontra toda graça
e copiosa redenção.
8Ele vem libertar a Israel*
de toda a sua culpa. R.
1Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,*
2escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos*
ao clamor da minha prece! R.
3Se levardes em conta nossas faltas,*
quem haverá de subsistir?
4Mas em vós se encontra o perdão,*
eu vos temo e em vós espero. R.
5No Senhor ponho a minha esperança,*
espero em sua palavra.
6A minh'alma espera no Senhor*
mais que o vigia pela aurora. R.
7Espere Israel pelo Senhor,*
pois no Senhor se encontra toda graça
e copiosa redenção.
8Ele vem libertar a Israel*
de toda a sua culpa. R.
Só
o Senhor pode reparar o erro que cometemos, pois nossa fraqueza está
sempre a mercê das tentações que nos dividem, nos escondem, nos
afastam de Deus. Nossa esperança é que Deus redime, consola, salva,
liberta.
2ª Leitura - 2Cor 4,13-18-5,1
Irmãos:
13Sustentados pelo mesmo
espírito de fé, conforme o que está escrito: 'Eu creio e, por
isso, falei', nós também cremos e, por isso, falamos, 14certos
de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também
com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. 15E
tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em
um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a
glória de Deus. 16Por isso,
não desanimamos. Mesmo se o nosso homem exterior se vai arruinando,
o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se renovando, dia a dia.
17Com efeito, o volume
insignificante de uma tribulação momentânea acarreta para nós uma
glória eterna e incomensurável. 18E
isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas
invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é
passageiro, mas o que é invisível é eterno. 5,1De
fato, sabemos que, se a tenda em que moramos neste mundo for
destruída, Deus nos dá uma outra moradia no céu que não é obra
de mãos humanas, mas que é eterna.
Quando
voltamos nossos olhos para as coisas invisíveis, não deixamos as
coisas visíveis nos tirar do caminho. As tribulações, pequenas ou
grandes, que nos escandalizam e fazem duvidar de Deus, afastar da
Comunidade, abandonar a fé, surtem seu efeito porque desviamos o
olhar do foco principal que é a verdade, muitas vezes escondida
pelas imagens deturpadas que são apresentadas àqueles e àquelas
que buscam viver o Evangelho, não seguindo sistemas mundanos,
querendo transformar as realidades.
“Cremos,
por isso falamos” - em que cremos, em que falamos? Falamos do que
cremos? No anúncio paulino, está o forte convite para olhar a fé
que carregamos no peito, cultivamos e aprofundamos: a fé no
Evangelho, ou a fé no mundo?
Evangelho - Mc 3,20-35
Naquele
tempo: 20Jesus voltou para
casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que
eles nem sequer podiam comer. 21Quando
souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque
diziam que estava fora de si. 22Os
mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava
possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele
expulsava os demônios. 23Então
Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: 'Como é que Satanás
pode expulsar a Satanás? 24Se
um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25Se
uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se.
26Assim, se Satanás se
levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas
será destruído. 27Ninguém
pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem
antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28Em
verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados,
como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas
quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas
será culpado de um pecado eterno'. 30Jesus
falou isso, porque diziam: 'Ele está possuído por um espírito
mau'. 31Nisso chegaram sua
mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram
chamá-lo. 32Havia uma
multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: 'Tua mãe e
teus irmãos estão lá fora à tua procura'. 33Ele
respondeu: 'Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?' 34E
olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: 'Aqui estão
minha mãe e meus irmãos. 35Quem
faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe'.
O
que acontece é um processo de difamação: os doutores dizem que
Jesus está possuído por um espírito mau (Belzebu); seus familiares
que enlouqueceu. A difamação busca segurar, prender, conter aquele
que está fazendo algo diferente, que atrai multidões fora do centro
(Jerusalém-Templo). Jesus revela esta farsa, que quer tirar do
caminho de Deus.
Seus
familiares de sangue são convidados a perceber que há laços
maiores de familiaridade, que vêm de Deus: quem faz a vontade do
Pai…
Para
São Francisco de Assis, nos tornamos esposos, irmãos e mães de
Cristo quando, cumprindo a vontade de Deus, desposamos a vida do
Evangelho pelo Espírito Santo, e damos à luz o Filho de Deus por
obras santas. Buscar a vida do Evangelho é levar Jesus aos outros,
não o prendendo egoisticamente para si, para sua comunidade, para
seu grupo. Disse Paulo, é maior a graça quanto maior o número dos
que louvam a Deus. As comunidades são convidadas a abrir-se a quem
chega, a fazer com que se encontrem com Jesus, a descobrir a verdade
e a superar a tentação, fruto da mentira, que não quer a comunhão
com o Senhor.
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