sábado, 9 de junho de 2018

10º Domingo do Tempo Comum


1ª Leitura - Gn 3,9-15


Depois que o homem comeu da fruta da árvore, 9o Senhor Deus chamou Adão, dizendo: 'Onde estás?' 10E ele respondeu: 'Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi'. 11Disse-lhe o Senhor Deus: 'E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer?' 12Adão disse: 'A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi'. 13Disse o Senhor Deus à mulher: 'Por que fizeste isso?' E a mulher respondeu: 'A serpente enganou-me e eu comi'. 14Então o Senhor Deus disse à serpente: 'Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da tua vida! 15Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar'.
Com facilidade nos perdemos no jogo de empurra-empurra, para nos livrar da culpa e das responsabilidades de nossos atos. Aqui, porém, se trata de quebra de relações. Adão tinha uma relação com Deus, embasada na familiaridade e nas “combinações”, quando estas são quebradas aparecem a vergonha e o escondimento. A nudez, que na inocência não causa problema, é a desculpa para esconder-se do amigo, com o qual se rompeu relações.
A serpente, que na simbologia oriental significa sabedoria, na experiência de Israel se torna símbolo de rompimento da aliança com Deus e de opressão. A sabedoria dos povos vizinhos (egípcios, babilônios, assírios, persas…) oprimiu e escravizou o povo de Deus. Nas tentações (Queremos ser como os outros povos – 1Sam 8,10-22), o povo de Deus se escondeu de seu Deus.

Salmo - Sl 129,1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R. 7)

R. No Senhor toda graça e redenção!

1Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,*
2escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos*
ao clamor da minha prece! R.

3Se levardes em conta nossas faltas,*
quem haverá de subsistir?
4Mas em vós se encontra o perdão,*
eu vos temo e em vós espero. R.

5No Senhor ponho a minha esperança,*
espero em sua palavra.
6A minh'alma espera no Senhor*
mais que o vigia pela aurora. R.

7Espere Israel pelo Senhor,*
pois no Senhor se encontra toda graça
e copiosa redenção.
8Ele vem libertar a Israel*
de toda a sua culpa. R.
Só o Senhor pode reparar o erro que cometemos, pois nossa fraqueza está sempre a mercê das tentações que nos dividem, nos escondem, nos afastam de Deus. Nossa esperança é que Deus redime, consola, salva, liberta.

2ª Leitura - 2Cor 4,13-18-5,1


Irmãos: 13Sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: 'Eu creio e, por isso, falei', nós também cremos e, por isso, falamos, 14certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. 15E tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a glória de Deus. 16Por isso, não desanimamos. Mesmo se o nosso homem exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se renovando, dia a dia. 17Com efeito, o volume insignificante de uma tribulação momentânea acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável. 18E isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno. 5,1De fato, sabemos que, se a tenda em que moramos neste mundo for destruída, Deus nos dá uma outra moradia no céu que não é obra de mãos humanas, mas que é eterna.
Quando voltamos nossos olhos para as coisas invisíveis, não deixamos as coisas visíveis nos tirar do caminho. As tribulações, pequenas ou grandes, que nos escandalizam e fazem duvidar de Deus, afastar da Comunidade, abandonar a fé, surtem seu efeito porque desviamos o olhar do foco principal que é a verdade, muitas vezes escondida pelas imagens deturpadas que são apresentadas àqueles e àquelas que buscam viver o Evangelho, não seguindo sistemas mundanos, querendo transformar as realidades.
Cremos, por isso falamos” - em que cremos, em que falamos? Falamos do que cremos? No anúncio paulino, está o forte convite para olhar a fé que carregamos no peito, cultivamos e aprofundamos: a fé no Evangelho, ou a fé no mundo?

Evangelho - Mc 3,20-35


Naquele tempo: 20Jesus voltou para casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si. 22Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: 'Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno'. 30Jesus falou isso, porque diziam: 'Ele está possuído por um espírito mau'. 31Nisso chegaram sua mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: 'Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura'. 33Ele respondeu: 'Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?' 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: 'Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe'.
O que acontece é um processo de difamação: os doutores dizem que Jesus está possuído por um espírito mau (Belzebu); seus familiares que enlouqueceu. A difamação busca segurar, prender, conter aquele que está fazendo algo diferente, que atrai multidões fora do centro (Jerusalém-Templo). Jesus revela esta farsa, que quer tirar do caminho de Deus.
Seus familiares de sangue são convidados a perceber que há laços maiores de familiaridade, que vêm de Deus: quem faz a vontade do Pai…

Para São Francisco de Assis, nos tornamos esposos, irmãos e mães de Cristo quando, cumprindo a vontade de Deus, desposamos a vida do Evangelho pelo Espírito Santo, e damos à luz o Filho de Deus por obras santas. Buscar a vida do Evangelho é levar Jesus aos outros, não o prendendo egoisticamente para si, para sua comunidade, para seu grupo. Disse Paulo, é maior a graça quanto maior o número dos que louvam a Deus. As comunidades são convidadas a abrir-se a quem chega, a fazer com que se encontrem com Jesus, a descobrir a verdade e a superar a tentação, fruto da mentira, que não quer a comunhão com o Senhor.

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